Vacina da Janssen usou IA para agilizar os testes clínicos

Na semana passada, chegaram ao Brasil as primeiras doses da vacina da Janssen contra o novo coronavírus. Desenvolvida pelo braço farmacêutica da empresa Johnson & Johnson, esta é a primeira vacina de dose única aprovada para uso no país.

A disponibilização da vacina ao mercado foi acelerada consideravelmente graças ao uso de inteligência artificial. Em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, a Janssen escolheu os locais mais apropriados para realizar os testes clínicos, e assim agilizar a coleta de informações relevantes para validar os efeitos de seu imunizante.

A contribuição do MIT iniciou poucos meses após a Organização Mundial da Saúde declarar a COVID-19 como uma pandemia, em março do ano passado. Cientistas do instituto desenvolveram a COVIDAnalytics, uma plataforma que empregava modelos de machine learning para gerar insights precisos em tempo real sobre a doença. Um dos primeiros projetos da plataforma foi um modelo epidemiológico batizado de DELPHI, que foi empregado para acompanhar e prever a progressão da infecção e das taxas de mortalidade com base nas decisões da administração pública de cada região.

O DELPHI foi baseado no modelo SEIR, desenvolvido anteriormente pra simplificar a modelagem matemática de doenças infecciosas dividindo a população nas categorias suscetível, exposto, infeccioso e recuperado. O novo modelo expandiu o conceito para 11 categorias, levando em consideração outros aspectos para gerar um panorama mais realista da pandemia. No final do desenvolvimento, o modelo passou a ingerir os dados diários de 120 países e de todos os 50 estados americanos, tornando-se um dos modelos mais precisos que a comunidade científica já produziu, de acordo com o MIT.

As predições entregues pelo DELPHI então direcionaram as decisões da Janssen, que pôde escolher regiões com alta probabilidade de se tornarem epicentros de contaminação para realização dos testes clínicos. Graças a esta metodologia, o imunizante é um dos únicos com dados clínicos para testes realizados em regiões onde apareceram variantes, como a África do Sul e o Brasil. Isto torna os resultados ainda mais relevantes para a dinâmica atual da pandemia.

O trabalho conjunto do MIT e da Janssen foi reconhecido em abril, recebendo o prêmio anual de Aplicação Inovadora em Analytics, conferido pelo Institute for Operations Research and the Management Sciences (INFORMS, Instituto para a Pesquisa Operacional e das Ciências Administrativas), por seu caráter inovador e de alto impacto na COVID-19. Para além do prêmio, quem mais ganha é a sociedade, que tem agora à disposição uma nova vacina para combater o novo coronavírus.

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