A ascensão da inteligência artificial nos processos de decisão com impacto na sociedade é inevitável, mas, pelo menos no futuro previsível, ela deve agir como uma assistente do processo, sem tirar o protagonismo dos humanos. A IA deve fornecer insights que a nós podem parecer pouco intuitivos – e por isso distantes de nossa capacidade própria -, mas as pessoas ainda serão responsáveis pela decisão final com base nessas informações. Diante desse cenário cada vez mais presente, alguns pesquisadores estão interessados em entender como será essa relação de parceria entre humanos e máquinas.
O Laboratório de Engenharia de Sistemas Cognitivos (CSEL, Cognitive Systems Engineering Laboratory), sediado na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, está iniciando um estudo com esse objetivo. O trabalho vai buscar responder como melhor distribuir o trabalho entre os agentes, e como otimizar seu processo de comunicação interna. Se forem encontrados padrões nas relações através de diferentes configurações, espera-se ser possível estabelecer protocolos para ajudar os desenvolvedores dessas tecnologias a promover sua integração fluida e otimizada nos ambientes hoje exclusivos dos humanos.
Na primeira fase do estudo, cerca de 20 participantes vão competir num jogo do tipo “capture a bandeira”, tendo que interagir entre si e definir estratégias para vencer o jogo. Na segunda fase, outros participantes, arranjados em times compostos por dois humanos, ou um humano e uma máquina, vão assistir à competição anterior, e tentar predizer, a partir das interações entre os jogadores, o resultado das partidas. O objetivo é verificar se a máquina pode ajudar a pessoa parceira a compreender sinais sutis de interação que sejam preditores de vitória, em comparação com um time formado por duas pessoas.
Os pesquisadores não pretendem com esse trabalho gerar a inteligência artificial ideal para a tarefa, mas antes, entender como ela avalia as interações entre as outras pessoas, e depois como interage com seu parceiro com base nessas informações. O estudo deve se estender por mais de três anos e envolver entre 100 e 200 participantes na primeira fase, mais 150 na segunda, proporcionando informações inéditas sobre o papel que a inteligência artificial pode desempenhar no processo de decisão humana.