Outras discussões à parte, a tendência crescente da legalização da maconha e do mercado que nasce em sua esteira traz um problema aos órgãos públicos: como determinar se um motorista está incapacitado pelo uso da substância ao ponto de apresentar risco aos demais usuários das vias de transporte? No caso da intoxicação por álcool, este problema é resolvido com facilidade já que há uma correlação direta entre o nível de álcool no sangue, que é determinado pelo bafômetro, e o estado de embriaguez. Já no caso da maconha, essa correlação não existe. Um estudo pela Universidade de British Columbia revelou que a quantificação do THC, a substância ativa da cannabis, não determina diretamente se a pessoa tem seus reflexos alterados. Levando em consideração que a maconha pode ser usada mesmo na forma de medicação, este problema demanda uma solução.
A empresa Cultivar Holdings, no Canadá, se apresenta como administradora e provedora de fundos para empresas que comercializam cannabis. Reconhecendo que o problema de segurança na condução de veículos pode ser um empecilho para a difusão deste negócio, eles estão desenvolvendo uma solução que usa inteligência artificial para detectar estados de incapacitação.
O produto, chamado de Predict MEDiX, realiza duas tarefas para determinar se uma pessoa está incapacitada: reconhecimento facial e de voz. A solução parte do conhecimento prático e bem difundido de que uma pessoa incapacitada apresenta padrões característicos de alteração das expressões faciais e da capacidade de fala. A combinação dos resultados possibilita ainda mais confiança nos resultados de predição apresentados.
Apesar de o software estar sendo desenvolvido tendo foco no consumo de maconha, é possível reconhecer incapacitação por qualquer outra substância. Os potenciais consumidores são as agências de garantia da lei, mas outras instituições, como por exemplo empregadores, podem usar a tecnologia para solucionar situações onde haja suspeita de abuso no ambiente de trabalho, já que no Canadá exigir um teste de drogas dos funcionários é considerado ilegal.
Esta aplicação visionária e inteligente mostra como é possível utilizar inteligência artificial para resolver problemas que não teriam solução de outra forma.