Aplicativo baseado em IA permite que médicos determinem rapidamente o grau de severidade de pacientes de COVID-19

A testagem genética para o novo coronavírus é a melhor forma de certificar se uma pessoa está infectada, mas ela não fornece qualquer informação sobre o estado do paciente. Pensando em uma ferramenta que pudesse ajudar médicos a diagnosticarem o estado de gravidade de vítimas de COVID-19, e assim definir a prioridade de atendimento, pesquisadores da Universidade de Nova York acabam de publicar um trabalho onde eles usam marcadores sanguíneos e fatores demográficos para treinar um algoritmo capaz de determinar um score que indica o grau de severidade dos pacientes.

A pesquisa foi realizada com dados coletados no início da pandemia, de 160 pacientes hospitalizados em Wuhan, o epicentro do contágio. O acompanhamento desses pacientes revelou quatro marcadores sanguíneos que se encontravam elevados em pacientes que sucumbiram à doença, em comparação àqueles que se recuperaram: proteína C-reativa, mioglobina, procalcitonina e troponina cardíaca I. Esses marcadores estão associados a complicações possíveis da doença, como inflamação aguda, infecção do trato respiratório inferior e problemas cardiovasculares. Esses dados, junto com a idade e o sexo dos pacientes – dois fatores de risco já bem estabelecidos -, foram usados pelo modelo de machine learning para determinar o grau de severidade futura, que foi configurado para ser expresso na forma de um score entre 0 (baixo ou moderado) e 100 (crítico). O modelo foi validado com dados obtidos de pacientes de Shenzen e depois de Nova York, alcançando AUC de 0.94.

Uma vez que o modelo demonstrou um potencial prático de discernimento, os pesquisadores trabalharam para colocá-lo à disposição da comunidade médica na forma de um aplicativo para smartphone, para que seu uso fosse conveniente e fornecesse suporte à tomada de decisão em tempo real. O aplicativo foi testado retrospectivamente no estado de Nova York e agora deve começar a ser disponibilizado em todo o território americano. Por enquanto, somente laboratórios de testagem sob supervisão de um médico autorizado terão acesso, mas é possível que no futuro seu uso seja mais amplo. Os pesquisadores preveem que uma gota de sangue pode ser utilizada para mensuração dos biomarcadores, de forma parecida com a que diabéticos medem o nível de açúcar no sangue. Assim, as pessoas que suspeitem de infecção podem elas mesmas decidir por um plano de ação com base em um único número fornecido na forma do score retornado pelo aplicativo.

O estudo foi originalmente conduzido com pacientes hipertensos, portanto seu uso ainda é limitado, mas os pesquisadores acreditam que a inclusão de outros biomarcadores deve melhorar as predições para a população geral.

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