Em celebração ao Dia do Arquiteto, 15 de dezembro, este artigo apresenta o trabalho de pesquisa que está sendo realizado na Universidade de Michigan, que está explorando o potencial da inteligência artificial como ferramenta para a criação de novos designs de arquitetura.
Os pesquisadores envolvidos já publicaram uma série de artigos abordando aspectos relacionados à arquitetura, indo desde a solução para problemas de otimização, até a exploração de questões filosóficas ligadas à agência, autoria e sensibilidade. A integração deste arcabouço teórico com inteligência artificial faz com que esta seja, em sua opinião, a primeira técnica de design que pode ser genuinamente caracterizada como do século XXI.
A utilização explícita de inteligência artificial começou com a avaliação de redes neurais em tarefas de transferência de estilo, num primeiro momento numa abordagem 2-D para 2-D. Os pesquisadores aplicaram o conceito para transformar designs de forma que eles incorporassem um estilo arquitetural específico, como o moderno ou barroco. Eles logo migraram para uma abordagem 2-D para 3-D, já que a arquitetura tem uma natureza inerentemente tridimensional, e atualmente estão aplicando redes convolucionais 3-D para incorporar estilo a modelos de malha poligonal.
Seu trabalho mais recente, publicado este ano, explora a geração de designs “alucinados” ou “imaginados”, usando algoritmos como o Deep Dream, que gera imagens com uma característica psicodélica, simulando o processo de criatividade artística. Para isso, os pesquisadores compilaram datasets contendo imagens com diferentes características arquiteturais e topográficas, e treinaram o algoritmo para que ele fosse capaz de “alucinar” essas características em ambientes reais. Eles consideraram os resultados altamente inspiradores, mas não prontamente traduzíveis em um design real. Uma das razões, segundo eles, é que a inteligência artificial ainda não consegue emular o processo do cérebro humano pelo qual nós conseguimos transformar um erro em uma solução criativa, algo que seja fisicamente possível e tenha valor artístico.
Os principais autores deste grupo estão escrevendo dois livros sobre o uso de inteligência artificial em arquitetura. O primeiro vai discutir as implicações teóricas do uso de IA para produzir designs arquiteturais; o segundo vai explorar os aspectos técnicos associados a esta integração. De forma geral, a pesquisa realizada pelo grupo, e sobretudo esta última publicação, destacam como a introdução de ferramentas de inteligência artificial podem abrir novas possibilidades em arquitetura.