Identificando síndrome vasovagal com IA

Esta semana, uma doença pouco conhecida ganhou a atenção entre quem acompanha os trabalhos da CPI da COVID-19. O ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, teve que se ausentar do seu primeiro dia de depoimentos por causa de um episódio de síncope vasovagal, desmaio que ocorre em decorrência de estresse no sistema circulatório causado por uma redução da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos. Indivíduos que sofrem desmaios regulares podem estar sofrendo da síndrome vasovagal, ocasião em que pode ser necessário usar um marca-passo ou tomar beta-bloqueadores para evitar os episódios de síncope. Entretanto, estes tratamentos são geralmente considerados ineficientes, já que as mudanças que provocam a síncope ainda não são claramente entendidos, e o diagnóstico é baseado em grande parte no histórico médico e em um teste de inclinação.

No último mês de março, pesquisadores da Universidade Municipal de Nova York e da Escola de Medicina do Hospital Monte Sinai apresentaram um trabalho que utilizou inteligência artificial para elucidar melhor o diagnóstico e trazer nova luz sobre os episódios de sincope vasovagal. O trabalho foi baseado em descobertas anteriores onde foi demonstrado que era possível induzir o mesmo quadro clínico da síncope utilizando um tipo específico de estimulação elétrica do sistema vestibular, responsável pelo senso de equilíbrio. Ainda assim, o limite nas respostas que caracteriza o episódio é considerado arbitrário. Os pesquisadores utilizaram as medidas de pressão sanguínea e batimento cardíaco de ratos com síncope induzida por estimulação para primeiro gerar atributos indicativos do estado do organismo, e depois treinar um algoritmo na tarefa de discernir padrões normais e padrões característicos de resposta vasovagal.

O modelo utilizado no estudo foi capaz de gerar uma função linear que separa os casos eficientemente. Para isto, ele utilizou apenas duas variáveis, sendo uma a máxima diminuição na pressão sanguínea, e a outra uma nova métrica estabelecida pelos autores. Este resultado está alinhado com outras pesquisas na área, que têm focado na pressão sanguínea como indicadora de um episódio de síncope.

A metodologia é apresentada como uma técnica para identificar de forma mais ampla os sinais que resultam em uma síncope vasovagal. Apesar de o dataset utilizado ter sido pequeno, os resultados são inéditos e promissores. Se a mesma associação se mantiver em humanos, existe o potencial de identificar precocemente, em tempo real, as alterações que levam ao episódio, e assim adotar intervenções para controlar a resposta, ou ao menos para que o paciente possa se manter em segurança.

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