A inteligência artificial invadiu nossas vidas, e hoje já nos ajuda a realizar diversas tarefas de formas que às vezes nem ficamos sabendo. Por mais revolucionária que a técnica tenha se provado, os modelos atuais ainda apresentam limitações que impedem seu uso em cenários mais complexos. Mas os mais relevantes pesquisadores da área já estão trabalhando em novos desenvolvimentos que devem potencializar o uso da tecnologia, e tornar seu uso ainda mais abrangente.
Em uma publicação da semana passada, o Google apresentou uma nova arquitetura de IA que foi batizada de Pathways. Inspirada mais uma vez no funcionamento do cérebro, ela está sendo construída para resolver as principais limitações dos sistemas atuais ao mesmo tempo em que evidencia suas qualidades. Em princípio, o sistema vai endereçar três características para tornar a inteligência artificial ainda mais inteligente.
Em primeiro lugar, a IA atual costuma ser treinada para realizar uma única tarefa. Eventualmente ela até pode aproveitar o que já aprendeu para se adaptar a uma nova tarefa, mas acaba esquecendo como realizar a tarefa anterior. Como resultado, hoje nós temos milhares de modelos para a execução de milhares de tarefas individuais. Esta característica de especificidade também faz com que precisemos de mais tempo e mais dados para que a inteligência artificial aprenda o que nós gostaríamos. Com a Pathways, graças a uma arquitetura integrada de processamento, os modelos serão capazes de realizar várias tarefas, incorporando o conhecimento adquirido em uma área para aprender algo novo sobre outra área correlata. Eventualmente, com pouco treinamento adicional, o sistema poderá aprender como realizar uma tarefa inédita que nem tenha sido considerada durante seu projeto inicial.
Em segundo, os modelos atuais processam informações de um único modal, seja uma imagem, texto, arquivos de áudio ou dados numéricos em uma tabela. Mas nosso cérebro interage com o mundo utilizando informações de vários modais, que ajudam a montar uma interpretação coesa mais fácil de navegar. A Pathways também está sendo desenvolvida para ter esta habilidade, inclusive ultrapassando a capacidade humana, já que a inteligência artificial pode digerir informações de canais não disponíveis aos seres humanos, como por exemplo imagens de raios-X ou dados obtidos por satélites.
E em terceiro, os modelos com que hoje trabalhamos são considerados densos – cada operação através deles exige que todos os neurônios sejam ativados, por mais que muitos deles não sejam relevantes. Isto torna o processo mais lento e energeticamente ineficiente. Com a Pathways, a ativação será realizada de forma esparsa, para que somente as partes relevantes das redes neurais sejam ativadas conforme a necessidade.
Apesar de maiores detalhes ainda não terem sido divulgados, a Pathways se apresenta como uma evolução da tecnologia hoje disponível, capacitando a inteligência artificial a não apenas reconhecer padrões nos dados relacionados a uma tarefa, mas a construir um conhecimento mais profundo do mundo e se adaptar a novas necessidades. A divulgação vem no ano em que o Google completa 20 anos de desenvolvimento em inteligência artificial, e deve esboçar o caminho para os próximos.
Muito boa esta notícia, pois uma aplicação de IA se torna muito trabalhosa “processamento dos dados,
treinamento do modelo, validação do mesmo” e se precisar de uma nova tarefa, precisará treinar novo
modelo.
Verdade, Jorge! A tendência é que essas ferramentas fiquem cada vez mais populares