A alta capacidade e cobertura dos satélites nos permitem observar fenômenos que antes seriam difíceis de ver, como aqueles que ocorrem em alto mar. Um desses fenômenos é a migração das baleias, que ocorre tanto por razões naturais quanto como resposta a alterações introduzidas pelo ser humano, e que podem provocar mudanças adicionais ao ecossistema das áreas por onde elas se deslocam. Mas a disponibilidade de imagens em alta resolução é apenas parte inicial da solução, já que as movimentações dos animais devem ser acompanhadas durante meses para estabelecer padrões.
Pesquisadores do Instituto Antártico Britânico (British Antarctic Survey) perceberam que o grande volume de dados e a regularidade visual dos fenômenos era um forte candidato a automação com inteligência artificial. Em um trabalho publicado recentemente, eles mostraram que as imagens em alta resolução obtidas por satélites podem ajudar a estabelecer programas de monitoramento de cetáceos, como baleias e golfinhos, em regiões remotas, e assim desvendar padrões de migração globais.
A pesquisa envolveu imagens do Golfo de Penas, no Chile, registradas em 2019. Esta é uma área com eventos recorrentes anuais de migração em massa. A análise das imagens por algoritmos de processamento visual levou ao reconhecimento dos animais, enquanto que outras técnicas estatísticas permitiram deduzir o timing dos eventos. Isto é considerado de alta relevância para programas de monitoramento de longo termo.
Ainda que algumas áreas de interesse conservacionista já sejam monitoradas por iniciativas terrestres, a nova ferramenta vai fornecer novos dados e ainda permitir o estabelecimento de linhas de base para regiões remotas, inacessíveis ou ainda fora do radar das organizações ambientais.