Atualmente, toda energia nuclear produzida no mundo é obtida pelo processo de fissão nuclear, onde átomos são quebrados para gerar energia. Uma das maiores desvantagens do processo é o resíduo radioativo, que demanda medidas especiais de descarte e pode permanecer nocivo durante décadas. Uma alternativa sempre considerada por cientistas é a fusão nuclear, que por sua vez libera energia unindo núcleos atômicos. Este é o processo que alimenta o Sol.
A fusão nuclear não gera resíduos tóxicos, mas resulta em um estado especial da matéria, chamado de plasma, de temperaturas elevadíssimas, que é muito instável e, por isso, possui seu próprio grau de risco. Em ambientes experimentais, o plasma pode ser controlado dentro de um tokamak, que é um tubo de vácuo no formato de uma rosquinha, cercado por bobinas magnéticas. Um ajuste fino da voltagem das bobinas pode estabilizar o plasma, mas são tantas as variáveis envolvidas que ainda não foi possível criar um sistema em tamanho suficiente para que a fusão nuclear tenha valor prático.
Agora, pesquisadores do grupo DeepMind, do Google, em parceria com o Centro de Plasma da Suíça, acabam de demonstrar ser possível controlar o sistema com inteligência artificial. Eles desenvolveram um algoritmo na forma de uma rede neural para aprendizagem por reforço que foi capaz não somente de manter o plasma estável como moldá-lo em diferentes formas, em um ambiente simulado.
O processo todo é tão complexo que seria praticamente inviável sem a aplicação de inteligência artificial. O estudo, publicado em fevereiro, deve ajudar outros cientistas a estudar a reação do plasma sob diferentes condições, melhorando nosso entendimento sobre reatores de fusão. É um passo importante para que esta modalidade de produção de energia limpa se torne mais próxima da realidade.