IA traça rotas para combate à caça ilegal de vida selvagem

Uma das maiores ameaças à vida selvagem é a caça ilegal. Como as partes de animais selvagens têm alto valor no mercado negro, o incentivo para a prática é grande. Nas reservas da África e da Ásia, guardas florestais tentam manter a atividade sob controle. Via de regra, os guardas dependem da intuição para escolher as regiões que serão monitoradas, mas a extensão dos parques e os poucos recursos disponíveis tornam a tarefa difícil.

A Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas (SEAS, School of Engineering and Applied Sciences) Harvard John A. Paulson está recorrendo à inteligência artificial para desenvolver uma ferramenta auxiliar no combate contra os caçadores. O sistema chamado Assistente de Proteção para a Segurança da Vida Selvagem (PAWS, Protection Assistant for Wildlife Security) tem como objetivo prever os riscos da atividade em diferentes áreas, e assim permitir a criação de rotas de patrulha otimizadas. Ele funciona dividindo os parques em áreas de 1 km², as quais são então classificadas como alto, médio ou baixo risco. Para tanto, usa dados referentes aos locais onde caçadores foram identificados, onde armadilhas foram encontradas, e ainda informações ambientais como a distância para estradas ou cidades, cobertura vegetal, topografia e contagem de animais.

O projeto foi iniciado em 2013. Um dos maiores desafios foi traçar rotas práticas, já que as regiões contêm empecilhos como áreas de floresta fechada e subidas bruscas. O primeiro teste piloto ocorreu em 2016, em Uganda. Nessa ocasião, o PAWS identificou uma região que não havia sido considerada pelos patrulhadores, onde foi então encontrado um elefante com as presas removidas, e mais uma armadilha. Além disso, outras 10 armadilhas para antílopes foram encontradas antes que capturassem algum animal.

Agora que o projeto está maduro, a equipe responsável pelo desenvolvimento do PAWS firmou uma parceria com a Microsoft. A parceria é necessária para ajudar a desenvolver um sistema mais robusto e escalonável, já que o software criado num laboratório de pesquisa não passa de um protótipo. Com isso, a ferramenta estará disponível em mais de 10 parques a partir de fevereiro do ano que vem. O PAWS será integrado ao SMART (Spatial Monitoring and Reporting Tool, ou Ferramenta de Boletim e Monitoramento Espacial), que é um sistema já usado por muitas reservas para documentar as atividades de caça ilegal. Assim, os parques poderão usar as informações que já são coletadas para prever onde agir no futuro.

Atualmente, os pesquisadores estão estudando como melhorar a performance do algoritmo. Eles pensam em usar patrulhas especializadas na coleta de informações, melhorando a qualidade dos dados para treinamento, além de incorporar tecnologias mais recentes que coletam dados em tempo real, como câmeras, dados de satélite e drones, para cobrir regiões de acesso mais difícil ou de monitoramento menos frequente. Além disso, estão considerando ajustar a ferramenta para permitir seu uso também em áreas florestais e marinhas.

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