Medicamento desenvolvido por IA entra pela primeira vez na fase 1 de testes clínicos

Nos últimos meses, vários medicamentos potenciais desenvolvidos por inteligência artificial foram relatados. Agora, a primeira droga desenvolvida com essa tecnologia chega à fase 1 dos testes clínicos.

A nova molécula foi desenvolvida por uma parceria entre a empresa farmacêutica Sumitomo Dainippon Pharma, do Japão, e a empresa focada na descoberta de drogas com inteligência artificial, Exscientia, do Reino Unido. Chamada de DSP-1181, ela é um agonista de ação longa para o receptor de serotonina 5-HT1A. Agonista é uma molécula capaz de ativar o receptor em questão, sendo utilizada quando por exemplo não há serotonina suficiente para ativar o receptor de forma natural. O medicamento poderá ser potencialmente usado para tratar o transtorno obsessivo-compulsivo.

Um teste clínico só é realizado quando há boas evidências para acreditar que o tratamento pode melhorar a condição dos pacientes. Antes da fase clínica, testes são realizados em culturas de células ou em animais, para por exemplo investigar se o tratamento não é prejudicial a tecidos vivos. Se aprovado, os testes clínicos envolvem a aplicação do tratamento em pessoas. Na fase 0, uma pequena dose é administrada em 10-15 pessoas, para investigar como a droga é processada e como afeta o metabolismo. Na fase 1, a segurança do tratamento é avaliada; outras doses são testadas em um grupo um pouco maior, de até 30 pessoas, com o objetivo de descobrir a melhor dose com os menores efeitos colaterais.

Com o uso de inteligência artificial, a droga DSP-1181 foi desenvolvida em 12 meses, sendo que este processo de descoberta pelas vias tradicionais costuma demorar até 5 anos. Já tendo sido aprovada na fase pré-clínica e na fase 0 dos testes clínicos, a nova molécula atesta a eficiência da tecnologia em uma área que depende de inovação para a melhoria contínua do estado dos pacientes.

Este é o primeiro medicamento em fase clínica 1 mas certamente não será o último. Ao que tudo indica, nos próximos anos relatos como esse deverão ser corriqueiros.

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