IA prevê eficiência de antidepressivo usando dados de atividade cerebral

O tratamento medicamentoso da depressão atualmente depende de um processo de tentativa e erro. Via de regra, e dependendo da severidade dos sintomas, o médico começa indicando os medicamentos mais clássicos, e depois vai mudando conforme a reação do paciente. Só que como essas intervenções demoram para surtir efeito, às vezes o paciente pode permanecer meses no tratamento inadequado para sua situação.

Mas isso pode mudar em breve graças à inteligência artificial. Um estudo publicado no dia 10 mostra ser possível prever a eficiência do tratamento usando dados de encefalografia do paciente obtidos antes de qualquer intervenção. A descoberta é parte de um projeto iniciado em 2011, que busca entender melhor as chamadas desordens de humor, e estabelecer estratégias objetivas, baseadas em dados biológicos, para tratá-las. Até agora, vários estudos relacionados mostram como tecnologias avançadas como análises sanguíneas, imagens cerebrais e inteligência artificial podem ajudar médicos a prescreverem o melhor tratamento para seus pacientes.

No estudo, 309 participantes depressivos foram separados em dois grupos, onde um receberia placebo, e o outro seria tratado com a classe mais comum de antidepressivos. Antes do tratamento, os pesquisadores coletaram a assinatura da atividade cerebral do córtex dos participantes com eletroencefalografia (EEG). Após 2 meses, com os dados da eficiência do tratamento disponíveis, um algoritmo foi treinado para entender a relação entre as leituras de EEG e o estado dos pacientes. Como resultado, o algoritmo alcançou alta precisão na predição da eficiência do tratamento usando dados de EEG, mesmo quando esses dados foram coletados por equipamentos e profissionais diferentes. Os autores também mostraram que os pacientes que não se beneficiariam do uso do antidepressivos poderiam obter resultados satisfatórios com outras intervenções, como psicoterapia ou estimulação cerebral.

O uso de EEG é bem-vindo, pois a coleta dos dados é fácil e barata, mas em alguns casos, é possível que medições mais sofisticadas tenham que ser realizadas, como aquelas disponibilizados por ressonância magnética (MRI). De fato, a depressão possui várias “assinaturas” no organismo, que podem ser exploradas em estudos similares.

O estudo é uma boa notícia tanto para pessoas que sofrem de depressão quanto para a área da medicina personalizada, que busca aperfeiçoar os tratamentos dependendo do metabolismo individual do paciente. A inteligência artificial tem se mostrado uma ferramenta poderosa para viabilizar essa nova maneira de fazer medicina.

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