O material particulado com menos de 2.5 micra de diâmetro (1 micra = 10-6 m), chamado abreviadamente de PM2.5, costuma ser usado como indicador de níveis de poluição, já que, além de causar visibilidade reduzida, essas partículas são tão pequenas que podem facilmente entrar no pulmão e, a partir daí, na corrente sanguínea, tendo impacto cardiovascular, cerebrovascular e respiratório. Seu efeito é tão pronunciado que não há limites seguros estabelecidos para exposição, tornando seu monitoramento uma questão de saúde pública.
Os níveis de PM2.5 já são monitorados em tempo real em várias cidades ao redor do mundo, principalmente nas que mais sofrem com os efeitos da poluição, mas uma equipe da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, acaba de desenvolver um algoritmo capaz de prever esses níveis com horas de antecedência. O modelo foi treinado usando dados históricos de poluição do ar obtidos em Beijing, na China. Ele integra vários dados ambientais para prever os níveis de PM2.5, de forma que o modelo é capaz de mensurar a contribuição de cada um desses fatores. Isso é permite aos usuários, cientistas e responsáveis por políticas públicas entender melhor o impacto do clima, sazonal e de outras condições ambientais, possibilitando um melhor gerenciamento dos programas de prevenção. O sistema também foi programado para produzir não uma única predição, mas um intervalo de valores, o que é chamado de análise de incerteza, dando à ferramenta maior poder estatístico. O modelo está agora entrando numa fase de testes em tempo real, com dados coletados por sensores espalhados em Shenzhen, também na China.
O desenvolvimento desse sistema é parte de um projeto maior, que tem por objetivo fundamentar o mercado de carbono, o qual por sua vez pretende contribuir para o controle dos níveis de emissões introduzindo um estímulo financeiro. A intenção dos desenvolvedores é tornar o sistema de predição em uma ferramenta online disponível aos players desse mercado, fornecendo informações importantes para as negociações de créditos de carbono. Isso por sua vez servirá como motivação para que as cidades participantes do programa reduzam seus níveis de poluição, o que lhes permitirá economizar já que não terão a necessidade de comprar créditos, como também vender seus excedentes se cumprirem com folga as metas estabelecidas.