IA permite conversar em ambiente virtual com sobreviventes do Holocausto, imortalizando suas histórias

Depois de ter dirigido o filme A Lista de Schindler, o diretor Steven Spielberg criou a Fundação Shoah, hoje parte da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, para servir de memorial aos trágicos acontecimentos relacionados ao Holocausto. A fundação gravou os testemunhos de milhares de sobreviventes, para que estivessem disponíveis para as gerações futuras. Mas Heather Maio, uma voluntária que trabalha há anos em exibições relacionadas ao tema, inspirada na evolução da inteligência artificial, teve uma ideia mais ousada e de maior impacto. Ela entrou em contato com o então diretor executivo da Fundação Shoah, Stephen Smith, e sugeriu que trabalhassem para produzir um ambiente interativo onde fosse possível conversar com sobreviventes em um ambiente virtual. Assim, ela esperava que a memória dos sobreviventes se propagasse no futuro, de uma forma muito mais tocante do que a simples reprodução do material já coletado.

No início alguns colaboradores da fundação ficaram avessos à ideia, pensando que ela poderia transformar as exposições em um programa de lazer, e assim descaracterizar sua missão, mas o projeto ganhou o empurrão definitivo quando os próprios sobreviventes se engajaram para torná-lo realidade. Desde então, os sobreviventes voluntários têm se disponibilizado a estar à disposição num intervalo de 5 dias, respondendo um quantidade enorme de perguntas associadas às suas experiências durante a Segunda Guerra Mundial, tentando cobrir praticamente todos os temas de interesse público possíveis. Um algoritmo então estabelece a relação entre a pergunta (e outras alternativas similares) e o vídeo, e modelos de processamento de linguagem natural fazem a procura da resposta mais adequada dada a pergunta de um novo interlocutor. Até então, mais de 20 entrevistas foram realizadas, incluindo a de três sobreviventes do Holocausto que faleceram recentemente. Mas graças ao projeto, suas experiências estão imortalizadas e podem ser acessadas em formato de diálogo.

A equipe de gravação está tendo o cuidado de produzir material adequado para as próximas evoluções da tecnologia. Ao todo, os entrevistados são filmados com mais de 20 câmeras, captando todos os ângulos relevantes. A intenção é usar essas filmagens para produzir imagens em 3D, do tipo holograma, assim que for possível.

O projeto tem um potencial tão impactante que inclusive gerou um aplicativo, o StoryFile, que estendeu a categoria de pessoas disponíveis para conversar, como líderes de impacto no mundo. O conceito traz uma dimensão inédita à troca de experiências pessoais, principalmente sobre temas relevantes para definir os rumos que a humanidade deve tomar no futuro.

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