IA prevê campeão da Eurocopa

A inteligência artificial usada para fazer predições demonstra seu potencial ainda na fase de desenvolvimento, quando parte do histórico de dados é separada para ser usada como validação do modelo. Entretanto, este poder realmente nos encanta quando os algoritmos fazem uma predição realmente no futuro, que no final das contas se prova certeira.

Aproveitando que a Eurocopa 2020 começou na semana passada, pesquisadores do grupo Zeileis, da Universidade de Insbruck, na Áustria, divulgaram o resultado de um estudo que aplicou inteligência artificial para prever o vencedor do torneio. A competição está sendo realizada este ano em virtude da pandemia do novo coronavírus, e reúne as 24 melhores seleções de futebol europeias.

O algoritmo desenvolvido pelos pesquisadores usa dados dos times nos torneios realizados entre 2004 e sua última edição, em 2016. As informações consideradas incluem os resultados das partidas, avaliações técnicas dos jogadores em seus times e na seleção, dados técnicos e econômicos dos times, e até informações socioeconômicas específicas de cada país de origem. Um modelo do tipo random forest foi usado para fazer predições do número de gols em cada partida com base neste perfil de cada seleção. Estas predições servem então para construir distribuições de Poisson que são usadas para determinar o resultado de cada partida. Com base nestas probabilidades, o torneio foi simulado 100 mil vezes, sendo assim possível calcular em quantos cenários cada time vence o campeonato.

De acordo com o modelo, a seleção com maior probabilidade de vencer o torneio este ano é a França, com 14,8%, seguida pela Inglaterra (13,5%) e pela Espanha (12,3%). Os resultados para cada seleção podem ser visualizados num gráfico interativo. Além do campeão, o modelo também previu a probabilidade de cada time vencer uma partida contra todos os demais, e a probabilidade de eles passarem para a próxima fase.

Um dos principais pesquisadores envolvidos já havia feito um estudo similar para prever o campeão da última Copa do Mundo, na Rússia. Na época, a predição apontou a Espanha como favorita (17,8%), mas no final das contas, quem levou a taça foi a França (11,2%), que havia ficado em quarto lugar (o Brasil estava em terceiro). Dadas probabilidades tão próximas, esta discrepância é compreensível.

Além do caráter recreativo, o estudo traz uma contribuição técnica considerável à área da inteligência artificial, apresentando uma abordagem híbrida que usa quatro métodos de predição consagrados, baseados em datasets de natureza diversa, que são avaliados por um modelo de machine learning para geração de um resultado combinado. De acordo com o grupo, o trabalho deve ser publicado em breve.

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