Uma das alternativas para casais com dificuldade para engravidar é a fertilização in vitro. Ainda que o processo de seleção, implantação e desenvolvimento do embrião tenha melhorado consideravelmente nos últimos anos, a taxa de fracasso é relativamente alta, o que, além de elevar os custos desta via, costuma ser fonte de frustração para os interessados. Buscando aumentar os casos de sucesso, a empresa australiana Life Whisperer está aplicando inteligência artificial na seleção de embriões viáveis.
Em um cenário ideal, os embriões seriam selecionados por testagem genética, mas este procedimento é caro e acarreta em um pequeno risco, já que algumas células do embrião devem ser retiradas para a testagem. Por isso, tradicionalmente a seleção é feita pela avaliação visual dos embriões nos seus primeiros ciclos de cultivo in vitro, através da microscopia mais elementar. Mas este método tem como maior problema ser altamente subjetivo, dependendo somente da expertise do embriologista, e atualmente ainda resulta em escolhas equivocadas. A inteligência artificial entra na história seguindo um trabalho publicado ano passado, que descreve que os mesmos dados utilizados pelos embriologistas – imagens simples de microscopia – podem ser usadas para treinar um algoritmo na seleção dos embriões mais saudáveis. O resultado é um método que é pelo menos 25% mais preciso que a análise dos especialistas, chegando a 82% de acurácia. O algoritmo da Life Whisperer foi treinado com imagens de mais de 20 mil embriões, de várias regiões do mundo, e cujo resultado na fertilização já era conhecido.
A empresa está oferecendo seu serviço de avaliação através da nuvem, com acesso a profissionais ou casais interessados, entregando um relatório de fácil entendimento para que os clientes das clínicas sejam integrados ao processo. Além de aumentar a taxa de sucesso, o serviço diminui consideravelmente os custos, democratizando o acesso à fertilização assistida. Por enquanto, a tecnologia tem aprovação para uso no Reino Unido, na Comunidade Europeia, na Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Índia, Japão, Hong Kong, Singapura e Vietnam, e a empresa está buscando aprovação nos Estados Unidos.