Há décadas que os elefantes estão no radar de iniciativas de proteção animal, mas uma das maiores dificuldades destes projetos está no monitoramento dos animais. Tradicionalmente isto é feito por contagem aérea, o que tem um grau muito pequeno de eficiência, é caro e demanda tempo.
A pesquisa de um grupo da Universidade de Bath, na Inglaterra, promete melhorar consideravelmente esta etapa dos esforços conservacionistas, através do emprego de inteligência artificial para a análise de imagens de satélite. No trabalho publicado, os cientistas detalharam que construíram redes neurais convolucionais para identificar e contar os animais usando imagens obtidas do espaço. O estudo teve alguns fatores complicadores, como o fato de que os elefantes habitam regiões com vegetação bastante diversa, e costumam se cobrir com lama, o que dificulta sua identificação, mas as redes convolucionais demonstraram alta eficiência na realização da tarefa.
O sistema foi treinado com imagens de alta resolução obtidas pelos satélites WorldView-3 e WorldView-4, enquanto sobrevoava o Parque Nacional de Elefantes Addo, na África do Sul, entre 2014 e 2019. Os pesquisadores escolheram imagens de diferentes estações do ano e hábitats, para que o algoritmo tivesse a capacidade de discernir os animais em todas as condições possíveis. Na fase de avaliação, o desempenho do algoritmo foi comparado com o de anotadores humanos especialistas, revelando que a acurácia dos dois métodos era equivalente, na faixa de 75%.
Entretanto, o algoritmo se revelou limitado na análise de áreas fora do parque, onde sua acurácia caiu para 57%. Os autores do trabalho creditam a isso a falta de uma coleção de dados ainda mais diversa, o que por sua vez se deve em grande parte ao custo de obtenção das imagens de provedores comerciais. Ainda assim, já existem iniciativas de financiamento coletivo na área, e há a tendência de que o custo das imagens diminua no futuro, o que deve tornar o processo de monitoramento – deste e de outros animais – cada vez mais fácil e acessível.