Uma terapia promissora contra o câncer, que ainda está em fase de estudos, envolve usar um vírus modificado que é capaz de identificar as células cancerígenas e promover sua morte de forma seletiva, assim preservando as células saudáveis. Por não envolver cirurgia, esta terapia pode um dia vir a ser aplicada em casos onde o tumor se desenvolve em regiões de alto risco, como no cérebro.
Como os efeitos da terapia viral costumam ser muito mais rápidos do que os de terapias convencionais, o monitoramento constante não-invasivo é necessário para otimizar os resultados, estabelecendo a relação entre a carga viral, sua taxa de espalhamento e a resposta terapêutica. Entretanto, os métodos atuais de monitoramento são lentos, têm baixa especificidade e requerem o uso de agentes de contraste.
Mas um método novo desenvolvido por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, resolve estes problemas. O sistema usa dados brutos de ressonância magnética para quantificar os efeitos da presença do vírus no tecido. Como a técnica gera uma coleção complexa de dados, é possível extrair informações importantes para o acompanhamento do processo terapêutico. Com base nesses dados, os cientistas desenvolveram alguns marcadores de diferentes moléculas, e depois aplicaram inteligência artificial para gerar mapas quantitativos moleculares e de pH. Estas informações então ajudam a mensurar a mortalidade das células cancerígenas, já que ela é caracterizada por mudanças de perfil molecular.
A metodologia foi validada em um estudo de tumor cerebral em ratos, onde a terapia viral tem sido testada. Os pesquisadores também usaram resultados de ressonância para gerar mapas similares em um paciente humano saudável, produzindo resultados compatíveis com a literatura.
Graças à característica não-invasiva do método e à rapidez de processamento, é possível que ele venha a se tornar uma ferramenta no nascente campo da medicina personalizada, permitindo intervenções pontuais ao nível individual. Também há a possibilidade de adaptar o método para detectar e caracterizar outras condições com alta taxa de mortalidade celular, como derrames e doenças do fígado.