O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo, ultrapassando o segundo lugar, o aço, em mais de 20 vezes. Entretanto, a produção do cimento, seu principal ingrediente, resulta em cerca de 8% de toda a emissão de gás carbono de origem humana, e gasta cerca de 3% da energia mundial. Com a pressão ambiental pela contenção de emissões de carbono, o cimento também entra na mira dos pesquisadores. É o que está acontecendo no Departamento de Ciência de Materiais e Engenharia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Os pesquisadores estão trabalhando em parceria com o Laboratório de Inteligência Artificial Watson, que é uma colaboração entre o MIT e a IBM, para encontrar novas fórmulas que sejam mais sustentáveis.
O projeto tem por objetivo aplicar inteligência artificial para descobrir potenciais misturas de qualidade superior mas com baixo impacto ambiental. A tecnologia é aplicada primeiro para coletar exaustivamente dados na literatura sobre ingredientes individuais, proporções de mistura e performance, através de processamento de linguagem natural. Pesquisas realizadas pela indústria ou em laboratórios também fazem parte dos dados que alimentam o sistema. Esta informação é então aplicada para gerar insights sobre a reatividade dos próprios subprodutos da fabricação de cimento, visando seu uso como material alternativo para a geração de concreto sustentável.
A iniciativa envolve a otimização de pelo menos três características do concreto: sua performance, seu custo, e seu impacto ambiental. Na prática, cada variável é tratada por um modelo diferente, que no final é integrado na busca da composição ideal. Uma vez que a inteligência artificial tenha produzido misturas prospectivas, os engenheiros podem testar as formulações de uma forma mais direcionada, o que representa uma melhora considerável diante do atual processo de pesquisa, que depende em grande parte de abordagens do tipo tentativa-e-erro.
Os cientistas esperam com este trabalho desenvolver uma técnica robusta para o design de cimento, que faça uso dos materiais que hoje são descartados, para reduzir a emissão de gás carbônico envolvida no processo, assim contribuindo para as iniciativas ligadas ao aquecimento global sem precisar penalizar a indústria da construção.