Doenças cardíacas são uma das principais causas de morte. Atualmente, os médicos costumam calcular o risco de um ataque cardíaco usando ferramentas que levam em consideração os fatores mais associados ao episódio, como a idade, o gênero, o histórico de fumo, os níveis de colesterol e a pressão sanguínea. Mas os resultados são imprecisos e nem sempre o histórico médico está prontamente disponível.
Um estudo publicado pela Universidade de Leeds deve ajudar a melhorar este paradigma. O trabalho relata o desenvolvimento de uma inteligência artificial que é capaz de prever a ocorrência de ataque cardíaco dentro dos próximos 12 meses, com base em exames da retina. A técnica parte do princípio de que o ventrículo esquerdo, uma das câmaras cardíacas, aumenta de tamanho mediante uma doença do coração, o que por sua vez causa aumento da pressão sanguínea, que pode desencadear o ataque. O sistema desenvolvido usa imagens da retina para estimar o tamanho deste ventrículo e da pressão sanguínea interna. Esta informação é então combinada com dados demográficos para produzir a predição final. O estudo contemplou cerca de 5600 pacientes e chegou a atingir 70% de precisão.
Os pesquisadores pregam cautela na interpretação dos resultados, já que outras doenças, como as associadas à idade, podem causar alterações da retina que comprometem as predições do modelo. Entretanto, tem enorme valor demonstrar que um exame tão barato e corriqueiro pode ser tão informativo, dispensando exames mais complexos ou históricos clínicos extensos.
O grupo de pesquisadores agora pretende considerar exames genéticos para tornar o sistema ainda mais eficiente.