Quando pensamos em inteligência artificial, as aplicações mais imediatas que nos vêm à cabeça são aquelas comerciais e ligadas à ciência. Mas setores mais altruístas da sociedade também podem se beneficiar do poder desta tecnologia inovadora. É o caso das organizações de caridade, que com a ajuda de sistemas inteligentes, pode organizar melhor seus processos e assim atingir um número maior de doadores potenciais, aumentando também o impacto de suas atividades.
Tradicionalmente, as instituições de caridade não são centros relevantes de inovação, já que contam com orçamento reduzido e pessoal de menor capacitação técnica. A inteligência artificial, entretanto, pode representar uma mudança de paradigma, já que se torna cada vez mais disseminada, mais acessível, e seus benefícios mais palpáveis.
Uma das aplicações mais proeminentes, que já vem sendo utilizada com sucesso por empresas comerciais, é a implantação de chatbots. A grande maioria da comunicação entre empresas e seu público-alvo é passível de automação, já que trata de temas recorrentes. Desta forma, os chatbots beneficiam tanto as empresas que podem alocar seus funcionários para outras atividades, quanto os usuários, que têm à sua disposição um atendimento ininterrupto com baixa latência. No caso das instituições de caridade, isso ajuda ainda a tornar as informações mais acessíveis, como aquelas relacionadas a relatórios de impacto e sucesso de causas, ou até questões legais relacionadas às doações, o que tende a aumentar o engajamento das pessoas interessadas.
Outra possibilidade é o uso da inteligência artificial para transformar o aconselhamento filantrópico em um produto de massa, imitando os chamados “robôs de investimento” que sugerem operações financeiras a um custo reduzido em relação a corretores financeiros humanos. Assim, doadores podem encontrar mais facilmente uma organização eficiente que trabalha com uma causa com a qual eles se preocupam, o que também influencia sua motivação para seguir adiante com o apoio. A IA pode ainda indicar outras causas baseadas no histórico do doador ou nas atividades do seu círculo de interação, como seus amigos em uma rede social.
Outras inspirações podem ser encontradas na aplicação da tecnologia em empresas do ramo comercial. Organizações de caridade podem adotar uma cultura data-driven para direcionar todos os aspectos de sua governança, tomando decisões internas com maior chance de sucesso.
No setor financeiro, as organizações podem usar IA na prevenção de fraude e corrupção, já que é difícil monitorar por meios não-automatizados toda operação financeira e contrato. A tecnologia já é empregada de forma bem sucedida para identificar situações anômalas que demandam investigação mais aprofundada.
Na área de recursos humanos, a inteligência artificial ajuda a anunciar oportunidades de trabalho, filtrar e contratar pessoal com perfil promissor, fazendo uma pré-seleção de currículos, checando experiências e habilidades relevantes, e identificando os candidatos mais adequados para cada posição e organização.
No contato com seus apoiadores, a inteligência artificial tem o potencial de identificar o perfil de doadores, elencando as causas que eles julgam importantes, e até a forma e o momento mais adequado para fazer uma intervenção com o objetivo de angariar seu apoio. Este é o mesmo princípio que guia os sistemas de recomendação das grandes lojas online. Na qualidade do relacionamento, a inteligência artificial vai possibilitar criar um canal de comunicação personalizado que soe autêntico, fornecendo, por exemplo, relatórios do efeito das doações com as informações que o usuário julga relevantes, apresentados da forma mais acessível possível, e assim estabelecer relações de longa duração que garantam a continuidade do apoio.
Em resumo, a inteligência artificial tem o potencial de ajudar as organizações filantrópicas a reduzir custos, operacionalizar processos internos, automatizar rotinas, melhorar a comunicação com doadores e a sociedade, traçar estratégias para campanhas de arrecadação mais eficientes e até elaborar melhores planos de ação diretamente relacionados à causa de interesse, lhes ajudando a alcançarem seus objetivos.
Tenho trabalhado recentemente com sistemas de gestão da doação. Gostaria de saber se você já tem algum curso nessa área.
Curso sobre esse assunto não temos por hora 🙁