IA ajuda a entender os efeitos das ondas de calor no Ártico

Nas últimas semanas, o Brasil experimentou sucessivas ondas de calor, onde dias de temperatura típica se revezaram com dias de calor excessivo. Este fenômeno local é uma consequência do aquecimento global, que é uma das principais facetas das mudanças climáticas das últimas décadas. Cientistas têm buscado avaliar e entender estas mudanças, de forma que possamos desenvolver políticas para evitar os seus impactos negativos. Um deste pesquisadores é o Dr. Joseph Cook, que está utilizando inteligência artificial para estudar a relação entre os microrganismos da região do Ártico e o derretimento glacial.

O trabalho do Dr. Cook busca esclarecer por que as temperaturas mundiais estão aumentando, e o que se pode fazer a respeito das geleiras. Atualmente ele trabalha na Groenlândia, onde reside a última geleira do Hemisfério Norte, mas que também está derretendo. A superfície de neve nesta região costuma ter uma faixa de coloração escura, resultado do acúmulo de pigmentos produzidos por algas que se proliferam quando o gelo derrete e libera nutrientes. Em situações normais, a presença do pigmento ajuda a manter o equilíbrio ambiental entre as estações do ano, mas com o efeito acelerado provocado pelo aquecimento global, estas faixas têm aumentado de largura, o que piora ainda mais a situação, já que os pigmentos escuros absorvem luz e, com isso, o calor do sol.

A pesquisa iniciou com a captura de imagens multiespectrais através de um drone que sobrevoa a região, numa área relativamente pequena. Os dados coletados foram usados para treinar um algoritmo na classificação da superfície do gelo. Em seguida, imagens de satélite da mesma região foram usadas para avaliar uma área muito maior, chegando a 10 mil km2. O sistema assim fornece uma estimativa da cobertura de algas neste espaço, através da qual é possível determinar a quantidade de gelo que está derretendo.

Este trabalho está feito em parceira com o Microsoft IA for Earth, uma iniciativa da Microsoft que disponibiliza os recursos de computação da plataforma Azure para cientistas que estejam tentando resolver desafios ambientais globais. O Dr. Cook espera conseguir analisar toda a área da Groenlândia, mas ele adverte que, em outras regiões polares, os fatores que afetam o derretimento das geleiras podem ser diferentes.

Numa época onde coletar dados se torna cada vez mais fácil, a inteligência artificial pode nos ajudar a entender um fenômeno tão complexo quanto o aquecimento global, e assim propor soluções para suas consequências danosas.

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