Uma das formas mais comuns de confirmar um diagnóstico de câncer de próstata é através de um fator sanguíneo chamado PSA (prostate-specific antigen, ou antígeno específico da próstata). Entretanto, este exame tem acurácia de apenas 30%, podendo resultar como inconclusivo, ocasião em que a pessoa com suspeita de câncer deve fazer uma biópsia, procedimento invasivo que, além de desconfortável, apresenta por si só algum grau de risco.
Um método proposto em dezembro por pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia da Coreia (KIST) promete facilitar consideravelmente este processo de diagnóstico. A aplicação de inteligência artificial permitiu obter diagnósticos com precisão de quase 100%, em apenas 20 minutos, usando amostras de urina. O método é, portanto, mais rápido, mais preciso, mais seguro e mais prático que as alternativas atuais.
A medição de fatores cancerígenos na urina já tem sido estudada há algum tempo. Como a concentração dessas moléculas é muito baixa, os cientistas usam bio-sensores que aumentam a sensibilidade de detecção pela geração de um sinal elétrico na presença de moléculas específicas. Os pesquisadores da Coreia testaram diferentes tipos de cofatores, e usaram os sinais gerados para treinar um modelo na tarefa de discriminar pacientes doentes ou saudáveis. A melhor condição de biomarcadores resultou em precisão superior a 99% em um conjunto amostral de 76 pacientes.
Além dos benefícios óbvios ao paciente, o método tende ainda a reduzir gastos médicos com tratamentos desnecessários sugeridos por diagnósticos de menor qualidade, e diminuir a carga de trabalho nas equipes médicas pela facilidade de execução.
Este é um exemplo de como a inteligência artificial pode ajudar a encontrar padrões em uma imensidão de dados, o que de outra forma seria muito difícil realizar. A simples exploração dos sinais gerados pelos biomarcadores permitiu desenvolver um método inovador, ainda que o modelo seja completamente ignorante sobre os princípios físicos dos métodos de detecção.