Faz muito pouco tempo que nós podemos registrar os eventos de nossa vida na forma de vídeo, foi somente com a popularização dos smartphones com câmera que a mídia com esta finalidade realmente decolou. Antes dessa revolução, a maioria dos registros que temos de nossos antepassados estão no formato de fotos.
E se fosse possível usar as fotos como referência para gerar retratos em movimento? O site MyHeritage, uma plataforma colaborativa que cataloga árvores genealógicas para permitir aos seus usuários conhecer seus laços familiares através das gerações, levou essa ideia a sério e desenvolveu Deep Nostalgia, uma ferramenta que gera movimentos naturais a partir de fotos estáticas de pessoas. A iniciativa faz parte da missão do site, aproximar seus usuários de seus antepassados e da história de sua família.
A ferramenta utiliza uma tecnologia desenvolvida pela empresa D-ID, especializada em reconstituição de vídeos usando aprendizado profundo. O MyHeritage aplicou os algoritmos no sentido específico de animar os rostos em fotos históricas, gerando vídeos realistas de alta qualidade que na prática se caracterizam como deep fakes. O sistema foi treinado com pequenas sequências de vídeo, onde os próprios funcionários da empresa serviram de modelo, fazendo gestos com a cabeça, a boca e os olhos. Partindo de um frame fixo destes vídeos, o algoritmo aprendeu a criar estes movimentos, conferindo uma certa naturalidade ao resultado final. Quando usado para animar fotografias inéditas, os gestos adicionados a uma foto levam em consideração a posição original da cabeça, de forma que os movimentos não sejam incoerentes. Assim, é possível ter uma ideia de como seria uma pessoa em um retrato antigo sorrindo, piscando ou posicionando a cabeça.
Alguns resultados limitados deixam claro que esta tecnologia ainda está em pleno desenvolvimento, mas outros igualmente fascinam pela demonstração do quanto a inteligência artificial evoluiu nos últimos anos. Um exemplo pode ser visualizado abaixo, que anima Ruth de Souza, a primeira atriz negra a atuar no então Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1945.
A expectativa é que estas tecnologias se tornem melhores numa velocidade exponencial, e no futuro próximo, será impossível distinguir um vídeo real de sua versão criada por inteligência artificial.
A ferramenta pode ser usada gratuitamente no site da plataforma, mediante cadastro.